A omissão dos parlamentares arapiraquenses nos escândalos da ALE

  • Helder Lopes
  • 13/10/2013 16:36
  • Helder Lopes
Assessoria
Ricardo Nezinho
Ricardo Nezinho

Os escândalos não são incomuns na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas (ALE). Não faz muito tempo que a operação Taturana, da Polícia Federal, indiciou quase metade dos integrantes da Casa de Tavares Bastos.

A notícia sobre um desvio de mais de R$ 300 milhões de dinheiro público deveria ter sido um divisor de águas no parlamento estadual. Mas até agora não foi, infelizmente.

Delegamos essa responsabilidade ao Poder Judiciário. Ele, com sua peculiar morosidade, ainda não julgou os acusados. Resultado: muitos dos indiciados na Taturana continuam a ocupar cargos eletivos, ou esperam retornar “nos braços do povo” em 2014.

Os holofotes, agora, estão nas denúncias do Deputado João Henrique Caldas (Solidariedade), que ganharam repercussão nacional depois da reportagem do Fantástico, na TV Globo.

Os indícios do desvio são fartos. Tudo leva a crer que estamos diante de mais um assalto milionário aos cofres públicos. Isso em Alagoas, um Estado que lidera quase todos os rankings negativos do país. Destaco, entre esses, os índices de analfabetismos, violência e saneamento básico.

O Presidente da ALE, Fernando Toledo (PSDB), gagueja na tentativa de explicar o inexplicável, enquanto a mesa diretora finge não ter responsabilidade na situação vexatória.

E os demais Deputados da Casa de Tavares Bastos?

Pois bem, são raras as vozes que cobram esclarecimentos. A regra, ao que parece, é ignorar os fatos. Parecem contar com a péssima memória do eleitor para lograrem êxito nas urnas em 2014, e nos próximos pleitos.

Até houve uma tentativa de se criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para que os próprios Deputados também pudessem investigar as denúncias. Mas a comissão foi morta por sufocação. Não prosperou.

O requerimento pela criação da CPI não conseguiu ter o número mínimo de assinaturas. Nove Deputados teriam que assinar (1/3 do total), mas o número não foi alcançado.

Os Deputados arapiraquenses, Severino Pessoa (PPS) e Ricardo Nezinho (PMDB), que até o momento não fizeram nenhum pronunciamento público a respeito das graves denúncias na ALE, também não assinaram o requerimento para a criação da CPI, ou seja, demonstraram falta de interesse em aprofundar as investigações sobre o tema e de revelar quem são os personagens envolvidos em mais esse escândalo.

Não é de hoje que Arapiraca assiste a atuação de seus parlamentares muito aquém daquilo que se espera. Muitas vezes esquecemos até o timbre da voz daqueles que nos representam na ALE. São, em regra, figuras de participação pouco relevante no cenário político.

Ocupar os gabinetes com quadros desqualificados e buscar o comando de alguns órgãos do Governo. Utilizar-se da máquina para atender suas bases eleitorais e buscar o sucesso no próximo pleito que disputarem. Infelizmente esse resumo cabe a grande parte dos nossos representantes no legislativo, em todas as esferas.

Isso é uma constatação, mas também percebo que os nomes apresentados como “alternativa” estão longe de representar algo diferente daquilo que está posto. O que vejo é a reprodução do discurso (ou da sua falta), bem como a perpetuação do assistencialismo e a manutenção de privilégios e regalias que temos conhecimento.

Mais uma vez trago a responsabilidade para nós, cidadãos eleitores. Não esperemos que um Poder ou força externa venha resolver nossas mazelas. Alagoas só vai evoluir, social e economicamente, no momento em que percebermos que as rédeas da história estão em nossas mãos.

O exercício da cidadania vai muito além do ato de depositar o voto na urna no dia da eleição. Deve ser uma prática cotidiana.

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. (Rui Barbosa)

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