Ela é feita pra apanhar! Ela é boa de cuspir!

  • Helder Lopes
  • 21/11/2014 11:20
  • Helder Lopes

Há uns meses, ainda no decorrer da recente campanha eleitoral, o Governador Teotônio Vilela Filho, em entrevista ao jornalista Luis Vilar, disse que ele era uma espécie de Geni aqui em Alagoas, fazendo referência à clássica “Geni e o Zepelim”, de Chico Burque, na qual a personagem é apontada como uma figura pouco querida na cidade em que vive, sendo qualificada como maldita, na qual se deve jogar pedra, cuspir e bater.

Em que pesem os exageros da comparação, e resguardando-se o fato da clara tentativa de se eximir das responsabilidades que o Chefe do Executivo tem pelos fracassos de seu governo, permito-me fazer uso da mesma linha de raciocínio de Vilela, desta feita para outra personagem da política alagoana, a Prefeita de Arapiraca: Célia Rocha.

Pois bem, quem lê meus textos sabe qual o meu posicionamento quanto à candidatura e eleição de Célia, em 2012. Não vou repeti-los aqui, apenas reitero tudo o que já escrevi e falei a respeito do tema.

Nesse texto, porém, proponho outra reflexão, qual seja, o comportamento de alguns setores agora que o 3º mandato de Célia à frente do Município chega a sua metade.

Célia tornou-se uma Geni em Arapiraca. Como num truque de mágica, tudo o que era exitoso em Arapiraca parece ter sido destruído com o simples toque da “nova Geni”. Quase uma espécie de Midas às avessas¹.

Não isento Célia Rocha da responsabilidade sobre o caos administrativo e financeiro vivenciado pelo Município, muito pelo contrário. Ela e seu grupo político tinham (ou ao menos deveriam ter) a exata noção daquilo que enfrentariam ao suceder àquele que a sucedera em 2005, o hoje vice-governador eleito, Luciano Barbosa.

A gestão de Barbosa não foi exatamente um exemplo de controle das finanças públicas, sabia-se. Que existiam muitas contratações irregulares no Município, sabia-se. Que haveria redução dos repasses do FPM por conta da política fiscal do governo federal, sabia-se.

E diante deste quadro, quais as medidas tomadas?

Silêncio, maquiagem da situação e mais ações irresponsáveis com finalidades de ajudar os “amigos” a se elegerem no pleito de outubro passado. Missão, aliás, concluída com êxito.

Apesar de toda a parte que cabe à Célia Rocha nessa conta, me incomoda bastante ver setores e figuras que contribuíram de forma decisiva para a configuração atual, hoje serem os primeiros a jogarem pedra na Geni.

Figuras que, ao deixarem de receber um determinado benefício, ao perderem um contrato ou não exercerem mais a influência de outrora em determinada área do governo municipal, descobriram que em Arapiraca falta remédio, que a merenda não tem a qualidade devida, que as escolas de tempo integral não são tão integrais como dito, que as ruas têm buracos, que não há saneamento, etc.

Ou seja, com um simples toque da nova Geni, a Metrópole do Futuro se desmanchou tal qual um castelo de areia. A gestora que há 2 anos atendeu generosamente ao pedido do povo para “voltar de Brasília” hoje é apontada como a única responsável por todo o desastre administrativo vivido pelo Município. Acredito, sinceramente, que essa é uma análise simplista e rasa.

Sou oposição à atual administração. Busco exercer minha cidadania não só diante da urna, mas diariamente. Não me furto a tomar partido quando entendo necessário. Mas o fato de ser oposição não me faz endossar todo e qualquer discurso que seja contrário à Célia Rocha. Não contam com meu apoio movimentos de “Fora Célia!” ou similares. Não representam o meu pensamento posições de quem faz a crítica motivada pela mera insatisfação pela perda de privilégios.

Vejo com muita estranheza, por exemplo, o comportamento da mídia local, que se caracterizou, nos últimos anos, por ser bastante benevolente e elogiosa com o Prefeito da vez, mas que de uns tempos pra cá tem sido surpreendentemente crítica. Isso não é ruim, claro, o que não me agradam são as razões.

Da mesma forma estranho o comportamento de alguns líderes políticos locais, os quais me parecem querer tirar proveito da fragilidade que sempre ajudaram a construir para se travestir de defensores da moralidade e da legalidade. A mim não convencem. E a você?

Espero que essas linhas provoquem a reflexão em quem as leu.

Por fim, seguirei um severo crítico desta e de qualquer outra Administração, mas nunca serei mais um a tacar pedra, bater e cuspir na Geni, seja quem for a Geni da vez.

 

 Estou no twitter: @_helderlopes

 

1 Midas é o personagem da mitologia grega que transformava em ouro tudo o que tocava.


Quem quiser conferir letra e música de “Geni e o Zepelim” pode conferir no link: < http://letras.mus.br/chico-buarque/77259/>