A candidatura de Luciano Barbosa a Deputado Federal

  • Helder Lopes
  • 02/07/2013 07:58
  • Helder Lopes

Anuncia-se aos quatro cantos de Alagoas que o ex-prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa, é nome certo na disputa por uma das vagas na Câmara dos Deputados. Peemedebista e muito ligado a Renan Calheiros, Luciano é tido como um dos favoritos à conquista de uma cadeira.

Barbosa deixou a Prefeitura de Arapiraca com elevados índices de aprovação. Escolas de tempo integral, obras como o Bosque das Arapiracas, o Lago da Perucaba, as Arapiraquinhas e o Planetário são, certamente, legados que marcaram positivamente a “era Luciano Barbosa” na terra de Manoel André.

Evidente que nem tudo são flores. Luciano também tem seus calcanhares de Aquiles. A inexistência do saneamento básico, os problemas graves com o aterro sanitário e o matadouro público, a polêmica cessão do terreno para a construção do shopping e o trânsito desordenado da “metrópole do futuro” são alguns dos exemplos mais visíveis.

No entanto, não há dúvidas de que a balança é favorável ao ex-prefeito, que soube, com maestria, valorizar muito os seus feitos, ao tempo que manteve sepultado qualquer problema que pudesse desgastar a sua imagem de excelente gestor.

A marca de uma administração de excelência ultrapassou os limites de Arapiraca. Isso se deve, fundamentalmente, à incontestável inteligência de Barbosa, a uma boa equipe de comunicação, que também atua na mídia falada e escrita da cidade, bem como à ausência de um grupo político opositor qualificado.

E nesse clima de “Viva!”, a gestão de Luciano Barbosa surfou tranquila, sem ser incomodada pela mídia, pelo Ministério Público ou pela oposição.

Por fim, elegeu sua sucessora. E foi nesse quadro absolutamente cômodo que Luciano encerrou seu mandato almejando vôos mais altos em 2014.

Mas há um fator que pode ser a “água no chope” desse cenário quase ideal: a última eleição.

Explico, fazendo um breve resgate.

Na hora de sua sucessão, Luciano se deparou com um problema. O seu vice-prefeito, Rogério Teófilo, não abria mão de concorrer à cadeira. Barbosa não aceitou. Entretanto, Luciano sabia que uma candidatura de oposição de Teófilo com o apoio de Benedito de Lira e Teotônio Vilela não poderia ser desprezada.

E Rogério insistiu. Foi candidato. O grupo da situação teve que abortar o sonho de repetir 2008, quando Luciano, “candidato único”, obteve mais de 90% dos votos.

Até esse momento alguns nomes foram testados. Aurélia, Josenildo e os mais cotados: Paulo Sérgio e Ricardo Nezinho, não ofereceram a confiabilidade necessária. Não restou alternativa. O grupo teve que buscar, em Brasília, a candidatura tida como imbatível: Célia Rocha.

Mas a escolha implicava em outro imbróglio. Célia acabara de ser eleita Deputada Federal, com estupenda votação. Havia assumido o compromisso de ocupar o espaço que estava vago desde 2007.

Aqui, o temor de perder a Prefeitura de Arapiraca falou mais alto. Rocha foi a candidata. A escolha se mostrou acertada. Ela venceu as eleições com 46% dos votos.

No entanto, Célia justificou o abandono do mandato afirmando que os Senadores Renan e Collor seriam seus avalistas, responsáveis por satisfazer os compromissos assumidos por ela na campanha de 2010.

E é aqui onde vejo o discurso de Luciano substancialmente prejudicado para o próximo ano.

Ora, se o lema é “recuperar” a vaga de Deputado Federal, porque Célia, com o apoio de Luciano, abriu mão do mandato conquistado em 2010?

Se Célia e Luciano afirmaram que Collor e Renan podem tranquilamente suprir a ausência dela em Brasília, por que Arapiraca deve, em 2014, ajudar a eleger um Deputado Federal do mesmo grupo que há 2 anos abdicou à cadeira?

Ficou claro, na última eleição, que parte significativa do eleitorado arapiraquense não referendou as decisões tomadas pelo grupo que comanda a cidade há mais de 16 anos.

A insatisfação não foi suficiente para derrotá-los nas urnas, mas certamente serviu como aviso. E inteligente como é, tenho certeza de que Barbosa entendeu o recado. A dúvida é: qual estratégia ele adotará em sua campanha? Saberemos em breve.

 

A paz sem voz não é paz, é medo.
Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero) – O Rappa

 

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