Voto assim!

  • Helder Lopes
  • 02/10/2014 14:23
  • Helder Lopes

No próximo dia 5 saberemos a composição do “novo” Congresso. Elegeremos os Deputados e Deputadas que mandaremos para Brasília pelos próximos 4 anos, assim como o Senador, ou Senadora, que exercerá longos e nem sempre produtivos 8 anos de mandato.

Mais, definiremos os 27 integrantes da Casa dos Horrores de Alagoas, a Assembleia Legislativa (ALE). Um Poder que tem se especializado em nos presentear com os mais voluptuosos escândalos da Terra dos Marechais.

Já a Presidência da República e o Governo do Estado podem ser definidos agora ou então em um 2º round.

Tudo indica que aqui em Alagoas a decisão será tomada já no próximo domingo. O Palácio República dos Palmares deverá ficar sob a guarda de Renan Calheiros, o filho, pelo menos até 2017. No âmbito federal a briga tende a se prolongar até o dia 26, com Dilma, a favorita, esperando para saber se enfrenta Marina ou Aécio no 2º turno.

Pois bem, diante desse quadro faço algumas análises e ao final declaro quais são os meus escolhidos para os respectivos cargos. Vou explorar mais a questão local, com foco na visão deste eleitor que vos escreve.

Essa campanha não deixará saudades. Em contraste com a riqueza demonstrada por algumas candidaturas (majoritários e proporcionais) vimos a pobreza de conteúdo e de ideias. Assistindo aos debates entre os homens que se dispõem a governar nosso Estado o sentimento variava entre tristeza, desolação, desesperança e até mesmo vergonha.

Quanta pobreza! Quanta falta de substância!

Trazendo a discussão para o âmbito local, em Arapiraca não tivemos muitas novidades. A prefeita Célia Rocha pôs a máquina municipal para “produzir” votos para Collor; Renan, o filho; Ricardo Nezinho, Paulão, Ronaldo Lessa (entenda essa!) e Nivaldo Albuquerque, os deputados.

Ela chamou o feito à ordem e convocou vereadores, comissionados e contratados. Definido quem apoia quem, colocou o time em campo. Reuniões, caminhadas, carreatas, viagens... tudo dentro do roteiro e nada diferente do que é feito nas demais campanhas e prefeituras do Brasil (o que varia é só a intensidade da pressão). A ordem é, como sempre, fazer os “candidatos do grupo” serem os mais votados na cidade.

Mas aí agiu um fator novo, qual seja, uma rejeição nunca antes experimentada por Rocha. Sua eleição, em 2012, já não foi tão tranquila quanto prevista, e hoje, com quase 2 anos do seu 3º mandato, a situação periclitante das finanças públicas municipais deixam o quadro ainda mais complicado, com fornecedores e servidores nenhum pouco satisfeitos com a gestora.

Célia enfrenta tanto os problemas da sua própria gestão, quanto os deixados por seu antecessor/sucessor, o candidato a vice na chapa de Renan, Luciano Barbosa. Sinceramente não consigo prever até que ponto essa rejeição da prefeita pode prejudicar seus aliados, mas certamente não ajuda.

Dentre os aliados da vez da prefeita certamente os que chamam mais chamam nossa atenção são os postulantes à Câmara dos Deputados, justamente o cargo que Célia disputou há 4 anos e renunciou em 2012. São três os “candidatos do grupo”: Paulão, do PT; Ronaldo Lessa, do PDT e Nivaldo Albuquerque, do PRP. Nenhuma das três candidaturas citadas tem qualquer identificação com Arapiraca. Em verdade o município foi loteado graças a acordos políticos que são de difícil compreensão para quem busca ver o crescimento da representação política regionalmente.

Só para citar um exemplo dessa incompreensão, Ronaldo Lessa, quando Governador de Alagoas (1999-2006), vivia às turras com atual prefeita. Mas passemos uma borracha no passado e sigamos em frente.

Do lado oposto ao da Prefeita, e sem o apoio da estrutura da administração, temos Biu, candidato ao governo, alavancado na cidade por Ricardo Barreto e Júlio Houly (candidato a deputado federal). Para o Senado, Heloísa Helena, que também recebeu o apoio do empresário Ricardo Barreto. Rogério Teófilo, numa difícil tentativa de retornar à Câmara dos Deputados. E Rodrigo Cunha buscando uma vaga na ALE.

Ainda temos outros candidatos da terra a estadual, Severino Pessoa (reeleição), Alves Correia e Tarcizo Freire. Esses eu não consigo definir bem em qual lado se encontram, tomando por base o critério adotado por mim, claro.

Bom, são situações bem distintas. É difícil fazer um comentário em bloco. Para ser sintético digo que Biu terá, em Arapiraca, a mesma dificuldade que encontrará em muitos municípios do estado, qual seja, enfrentar os apoios construídos por Renan, o pai, em benefício da candidatura de Renan, o filho. Entretanto, em Arapiraca a dificuldade é maior por conta da ausência de uma oposição consistente que lhe pudesse oferecer maior lastro para encarar com mais força os “candidatos do grupo.”

Heloísa sempre teve dificuldades de estabelecer alianças. Faz campanha à margem das rotas mais tradicionais, que buscam as lideranças locais (prefeitos, vices, vereadores, suplentes, etc). Esse ano alguns tucanos aderiram à candidatura dela, a exemplo do próprio candidato do partido ao governo, Júlio César. Veja mais como um movimento anti Collor que propriamente pró Heloísa.

Para federal Rogério é o nome fora do eixo do centro administrativo. Traz consigo a vantagem de ser da terra (o que não há no grupo da Prefeita) e ter obtido mais de 40 mil votos nas eleições municipais de 2012. Como desvantagem o fato de estar numa coligação enfraquecida e montada com a prioridade de eleger Pedro Vilela. Fazer um segundo federal será “lucro.”

Severino Pessoa, Tarcizo Freire e Alves Correia trabalham na mesma toada. Têm um eleitorado cativo e alguma capilaridade (algumas com alto custo). Não vejo vida fácil para nenhum desses em suas respectivas coligações.

Rodrigo Cunha traz somo slogan o “ser diferente”. Tem uma vida marcada por uma tragédia e pela luta por justiça. Nos últimos 7 anos desenvolveu um bom trabalho à frente do Procon de Alagoas. É, sem dúvidas, uma novidade no processo. E isso é salutar.

Eis as minhas escolhas diante do quadro exposto.

Votarei em Rodrigo Cunha para deputado estadual. Alguns fatores foram decisivos para nessa escolha. Destaco os dois principais: Rodrigo certamente qualificará a ALE, que anda tão carente de bons representantes; e por acreditar que Rodrigo venha a ser, no futuro imediato, o líder de um urgente processo de renovação da política arapiraquense.

O desgaste do atual grupo é latente, a câmara municipal não produz novas lideranças e Rogério, principal nome da oposição no momento, não é exatamente uma renovação. Teófilo é uma dissidência. Tenho esperança de que Rodrigo possa ser essa figura. Uma votação expressiva dele em Arapiraca é fundamental para que isso se concretize.

O voto pra federal foi mais complicado de decidir. Opto por Rogério Teófilo. Ele já esteve na Câmara (2003-2006) e fez um trabalho digno. É um político identificado com as causas da educação e honesto. Isso em Alagoas já é muita coisa.

Para o Senado meu voto é em Heloísa Helena. O Congresso necessita de alguém com a postura dela. Alagoas tem uma das bancadas mais influentes do Senado e mesmo assim não conseguimos avanços significativos. Continuamos a ostentar índices sociais e econômicos vergonhosos. O poder político em Brasília não se transforma em melhor qualidade da educação, da saúde e da segurança, por exemplo.

Por mais que faça ressalvas à forma do discurso de Heloísa, que infelizmente não se moderniza, reconheço sua postura combativa e fiscalizadora. Isso é fundamental no Parlamento!

Some-se a tudo isso minha absoluta rejeição ao ex presidente Collor, um personagem dos mais intrigantes da história recente do país.

É difícil de compreender como nós estamos prestes renovar o mandato de Collor para que ele permaneça por mais 8 anos no Senado  negociado fatias do governo federal (se Dilma for reeleita) e agora com um aliado no governo de AL (se Renan, o filho, for eleito). É muito poder para alguém com um histórico nem um pouco animador.

Próximo voto, Governador. Sem sombra de dúvidas o mais difícil dessa lista quíntupla. Diante de um cenário desolador as principais candidaturas não trazem nenhuma expectativa. Sendo assim, opto pelo voto no professor universitário Golbery Lessa, que durante o processo demonstrou serenidade e conteúdo, dentro daquilo que é a proposta da sua candidatura. Junto com o meu voto vai uma oração para que essa eleição para o governo se encerre dia 5 e nós não sejamos “obrigados” a ter escolher entre Renan e Biu em um eventual 2º turno.

Por fim, o voto para presidente da República. Vou de Marina. Ela representa a esperança de que poderemos iniciar um processo de reformulação da forma de fazer política no país. É evidente que em uma democracia o Chefe do Executivo precisa construir sua base aliada no Congresso, o grande problema é sobre que alicerces essa base é formada. Não dá mais para assistir à Presidência da República de joelhos diante de figuras que têm idoneidade para ocuparem o cargo que exercem. Marina carrega uma biografia que me permite acreditar que sim, é possível começar a tomar um novo rumo.

Não a vejo como salvadora da pátria (ninguém o é). O processo é muito mais longo que um mandato (e Marina já disse que se eleita não disputa reeleição), mas toda caminhada começa pelos primeiros passos.

Sem grandes expectativas e consciente que anos difíceis virão pela frente, independente dos eleitos, renovo sim a esperança de que no dia 5 estará em nossas mãos a possibilidade de iniciar um novo ciclo.

Errando ou acertando nas escolhas, elas são minhas, fruto da minha consciência crítica. Posso eleger critérios equivocados no momento de decidir em quem votar, e já o fiz algumas vezes e certamente o farei outrs tantas, mas jamais delegarei essa decisão a um terceiro, por nenhuma razão.

Sou eu quem suporta as consequências do meu voto, logo, eu decido em quem votar. Espero que você faça o mesmo

 

 Estou no twitter: @_helderlopes