Preconceito só com nordestino?

  • Márcio Pedro
  • 19/12/2014 18:54
  • Márcio Pedro
google

O Brasil, e porque não o mundo, nadam na lama do preconceito, das formas mais diferentes possíveis, uns exagerados, outros com indiferença, e tantos outros somente no coração. Vivemos em um ambiente hostil onde as armas são choques de cultura, isolamento de ideias, percepção genética, falsa dominação social e desprezo do espaço/tempo.

Nos últimos meses ouvimos nas redes sociais e em matérias jornalísticas uma avalanche de insultos contra nordestinos durante e depois da campanha eleitoral para presidente do país, e também no futebol, e porque não dentro da escola, no quarto da nossa casa, na roda de amigos, no nosso trabalho. Uma briga de egos e despreparo humano com ofensas vindas do fundo do coração no momento mais verdadeiro do ser à medida que se sente ameaçado trazendo a tona um cruel extinto de sobrevivência, achar que é superior ao outro.

Abrindo os olhos observamos que a garota obesa, não é diferente do seu avô de idade avançada, nem tampouco do seu vizinho negro que tenta sobreviver como qualquer outro , o pobre, o trabalhador que varre sua rua, o cadeirante, a viúva que não teve culpa, o homem que decidiu pôr um brinco na orelha e deixou o cabelo crescer, a mulher que gosta do mesmo sexo. A lista é extensa... os doentes e os loucos, o camarada que gosta de tomar banho pelado em praia apropriada, o homem da roça e o analfabeto, o que não acreditam em Deus, e os que acreditam também. Os moribundos e a mãe solteira, a prostituta e o tatuado, o detento e o intelectual, o nosso nordeste o nosso falar, até nosso modo de se vestir não fica de fora. Todos são vitímas do nosso infame convencionalismo.

Qual a diferença humana entre uma criança do sexo masculino, rica e de cor branca e uma do sexo feminino, pobre e negra? Quem melhor preenche seu gosto?

Não só o nordestino é vitima, mas tudo que se move, se veste, e se comunica chamado cientificamente de Homo Sapiens.