A alegria de votar no interior
- Márcio Pedro
- 06/10/2014 18:03
- Márcio Pedro
Voto em Feira Grande, interior de Alagoas, desde que tirei o titulo eleitoral, e acho que ainda votarei muito anos naquela cidade de pessoas alegres e bem humoradas. Aguardando na fila de votação por bastante tempo tirei o tempo para observar o que acontecia a meu redor, e pasmem. Aconteceu muita coisa.
A primeira coisa que observei é que ali não tinha voto secreto. O camarada saía com aquele sorriso estampado no rosto e com sensação de dever cumprido soltando aos ventos que votou em fulano e sicrano e que os outros ele “mandou pra casa da peste”.
Eu creio que o momento do voto é o mais importante e feliz para o pobre e o analfabeto nesse país tão preconceituoso. É gente de todo lugar, raça, cor e religião numa mistura de alegria com desconfiança. São sabidos a seu modo, mas tolos em relação ao desconhecido. Basta uma falsa noticia na fila de votação para se propagar o boato por todo colégio eleitoral, “voa as léguas”, como costumam falar. Se alguém ingenuamente sai falando que não viu a foto do candidato aparecer na urna é motivo de assombro e desconfiança para os que ali aguardam. Conversa vai e conversa vem, e a fofoca se torna uma noticia importante para os delegados de partido tirar a prova.
Na minha seção uma mulher saiu inconformada com o que viu quando, segundo ela apertou o numero 40. Ela disse que apareceu um homem de óculos e que o voto deveria ser para a Marina. Creio eu que ela olhou para o Beto Albuquerque, vice da candidata que aparece logo abaixo, mas não me intrometi na conversa, só observei o possível engano.
Outro caso que aconteceu naquela fila foi um cidadão logo a minha frente que passou 40 minutos na fila e só depois descobriu que estava na seção errada. Tinha confundido o numero 8 com o 9, e saiu inconformado para a fila da seção correta.
Uma frase que eu não aguento mais ouvir de tanto que ouvi no dia é: já perdeu o seu valor? Falava alguém que estava na fila para alguém que tinha terminado de votar. Ou frase chata e persistente nas três horas que passei na fila.
Mesmo na ingenuidade do interior ainda tem alguns que tentam enganar aos outros, mas que se desconstrói com a ajuda próprio engano. Uma mulher pediu o direito de mãe com neném de colo para passar na frente dos outros, mas o que ela não esperava foi o choro e desespero que a criança acometeu dando amostras claras que aquela mulher era uma desconhecida. Descoberta a fraude, ela saiu aos gritos e acho que não votou mais.
Nenhum candidato eleito vai me dar tanta alegria como aquele povo me deu em algumas horas.
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