Anorexia x Bulimia

  • Redação
  • 05/01/2013 07:32
  • Milliam Nascimento

Olá seguidores,

Deixei esse espaço um pouco vazio, mas estou retomando o blog e continuarei a atualiza-los sobre vários temas relacionados à Psicologia.

O tema de hoje são os transtornos de alimentação, mais especificamente a bulimia e a anorexia.

Transtorno alimentar é o termo utilizado para designar determinados padrões de comportamento relacionados à alimentação que causam prejuízos à saúde. Tem como causa múltiplos fatores relacionados, entre eles: histórico familiar, contexto sociocultural, disfunções no metabolismo, alguns traços de personalidade, dentre outros. 

A grande maioria dos casos está relacionada ao sexo feminino, porém atualmente tem aumentado o número de homens com transtornos alimentares. Normalmente os primeiros sintomas aparecem na adolescência. 

O medo de ganhar peso geralmente leva a pessoa a buscar várias estratégias para perder peso, como o uso de laxantes e diuréticos, jejuns, vômitos induzidos, dietas mirabolantes e exercícios físicos intensos. 

A anorexia é caracterizada pela excessiva perda de peso, de forma deliberada, e que é mantida pelo paciente. Entre os critérios diagnósticos do CID 10 (Código Internacional de Doenças) estão: manter o peso corporal em pelo menos 15% abaixo do esperado; a perda de peso se dá pela abstenção de alimentos, assim como através de vômitos auto-induzidos, exercícios físicos excessivos e uso de alguns tipos de substâncias (laxantes, diuréticos e medicamentos); há distorção da imagem corporal (a pessoa mesmo muito magra se enxerga gorda).

A pessoa com anorexia, geralmente, não acredita que está doente e utiliza o argumento de que está preocupada com a saúde e que quer manter uma alimentação saudável para explicar o modo como lida com a comida. Na maioria dos casos, a pessoa faz uso de diversos tipos de dietas e vai restringindo gradativamente a quantidade de alimentos ingeridos. Normalmente são os familiares quem procuram ajuda. 

No caso da bulimia, temos o ciclo formado por uma etapa de grande ingestão de alimentos e outra de compensação ou purgação: força-se o vômito ou ingere-se laxantes e/ou diuréticos para eliminar a comida. A pessoa come normalmente e tudo aquilo que tem vontade, sem muitas vezes, controlar a quantidade de calorias que está ingerindo, e após a alimentação vem o sentimento de culpa e então a procura dos métodos que possam eliminar, de maneira mais rápida, o alimento ingerido. Em muitos pacientes há o relato de que com as constantes repetições dos vômitos o organismo se acostuma e assim que há a ingestão do alimento sentem intensos enjoos e a necessidade de induzir o vômito. 

De comum entre os dois tipos há o excessivo medo de engordar e grande preocupação com a aparência. No caso da anorexia há sempre a perda de peso pela restrição à comida, na bulimia nem sempre há perda de peso devido aos métodos utilizados, visto que algum percentual do alimento chega a ser absorvido pelo organismo. É importante salientar que não há perda de apetite e sim a não ingestão ou baixa ingestão de alimentos, principalmente no caso da anorexia. O comer compulsivo também pode estar presente, mas acompanhado da preocupação e tentativa de eliminação dos alimentos ingeridos, como no caso da bulimia. 

Em muitos casos os pacientes criam uma série de rituais que podem ajudar os familiares a identificarem os transtornos alimentares, como partir o alimento em vários pedaços bem pequenos; fingir que comem, utilizando pratos maiores e que ao remexerem a comida dão a impressão de ter diminuído a quantidade; preferir comer sozinho ou no quarto; logo após as refeições irem ao banheiro; tomarem medicações alegando que são complexos vitamínicos; mudanças constantes de dietas; excessiva preocupação com a aparência, entre outros. 
Um alerta importante é que tanto a anorexia, quanto a bulimia podem levar à morte por desnutrição, desidratação e a perda/falta de nutrientes essenciais, literalmente a pessoa pode morrer de fome.

O maior desafio no tratamento dos transtornos alimentares é fazer a pessoa reconhecer que tem uma doença. Entre os objetivos do tratamento, inicialmente, estão a recuperação do peso corporal e uma mudança nos hábitos alimentares. Em muitos casos é necessário que o paciente seja internado e passe por acompanhamento médico e nutricional, devido a excessiva perda de peso e falta de nutrientes. 

No tratamento psicológico são priorizadas as mudanças de pensamento, principalmente no que se refere a imagem corporal, e de comportamento do paciente com o objetivo de encorajá-lo a comer de maneira mais saudável, além de se trabalhar outras questões pertinentes como o relacionamento familiar, autoestima e a influência dos padrões sociais impostos. 

Em alguns casos há a necessidade do uso de medicamentos como antidepressivos, antipsicóticos e estabilizadores de humor, pois em muitos casos há uma associação de sintomas depressivos e ansiosos. 

Como podemos observar o tratamento dos transtornos alimentares deve ser realizado de maneira multidisciplinar, além de serem observadas as necessidades de cada paciente em questão. É de imprescindível importância o apoio familiar, principalmente no que se refere aos cuidados com a alimentação. Na maioria dos casos é preciso uma vigilância constante durante e logo após as refeições.

Espero que o texto tenha sido de uma leitura agradável e esclarecedora. Como sempre, deixo o espaço aberto para dúvidas, críticas e sugestões.
Até o próximo post.