Crianças com idades entre 5 e 9 anos são as maiores vítimas das mordidas de cães e gatos

  • Agência Alagoas
  • 06/10/2015 06:15
  • Agreste

Um levantamento realizado pelo Serviço de Epidemiológica Hospitalar da Unidade de Emergência do Agreste detectou que crianças com idades entre 5 e 9 anos são as principais vítimas das mordidas de cães e gatos. Os números apontam que, nos últimos cinco anos, a unidade atendeu 4.379 pacientes vítimas deste tipo de acidente e que 601 pertenciam a essa faixa etária. 

Arapiraca também foi a cidade que mais enviou pacientes vítimas de mordidas de cães e gatos para a Unidade de Emergência do Agreste. Dos mais de 4 mil atendimentos realizados, 3.005 tiveram a maior cidade do interior de Alagoas como origem dos acidentes. 

O maior perigo para uma pessoa mordida por cães, gatos, primatas ou morcegos é a transmissão da raiva, uma zoonose causada por um vírus e considerada uma das doenças mais graves que se tem conhecimento, com taxa de mortalidade de quase 100%. O alerta é da coordenadora do Serviço de Epidemiologia Hospitalar da UE do Agreste, Ana Lúcia Alves Lima. 

De acordo com ela, até o ano de 2013 eram disponibilizados soro e vacina antirrábica para todos os pacientes com história de agressão animal. Porém, ao fazer a análise dos dados, apenas 20% dos casos atendidos precisavam de soro antirrábico.

 “Ao percebermos que a maioria dos casos era de pacientes residentes em Arapiraca, em meados de 2013 começamos uma discussão com a Coordenação da Atenção Básica do Município para a retirada da vacina da Unidade de Emergência do Agreste. Para isso foi montada uma estratégia de capacitação dos profissionais, encaminhado ofício para informar o processo e ficou acertado que a partir de janeiro de 2014 apenas teríamos soro na UE”, afirmou Ana Lúcia. 

Com a mudança, o número de atendimentos que tinha uma média anual de 1.300 passou a apresentar no banco de dados apenas os casos com indicação de soro, com 298 casos em 2014 e, ate setembro de 2015, já são 156 casos notificados. 

A coordenadora alerta, ainda, que a população deve ter cuidado com os seus animais, vacinando-os assim que se tornam suscetíveis a apresentar raiva animal. Ana Lúcia disse que ao sofrer qualquer agressão animal, seja através de mordida ou arranhão, o recomendado é procurar primeiramente o posto de saúde mais próximo de sua residência, para que os profissionais médicos e de enfermagem possam fazer a avaliação do acidente.  

Apenas se tiver a indicação de soro antirrábico, é que os pacientes serão encaminhados para a Unidade de Emergência do Agreste. A unidade básica de saúde deve ser sempre a porta de entrada para qualquer tipo de atendimento para a população, informa a coordenadora do Serviço de Epidemiologia Hospitalar da UE do Agreste. 

 A DOENÇA - Nenhuma outra doença infecciosa tem taxa de mortalidade tão elevada quanto a raiva. Mesmo com a existência da vacina e da imunoglobulina, que ajudam a prevenir a raiva humana, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que ainda morrem de raiva, anualmente, cerca de 70 mil pessoas em todo o mundo.

Mordidas na cabeça ou no pescoço são bem mais graves por estarem próximas do cérebro. Mãos e pés também são perigosos, pois são áreas com muita inervação, facilitando a chegada do vírus aos nervos periféricos. 

Nestes casos, o tempo de viagem do vírus até o encéfalo é bem mais curto do que o habitual, podendo o período de incubação ser de poucos dias. Estes pacientes devem receber tratamento profilático urgente independente da situação do animal.