Exposição do escultor alagoano Nico Menezes é atração na Uneal

  • Redação
  • 18/08/2011 13:47
  • Cultura

“A arte é expressão do artista”, com esta afirmação o artista Nico Menezes, natural da cidade de Cacimbinhas, mas com residência em Palmeira dos Índios, interior de Alagoas, define o seu trabalho. Aos 63 anos de idade, dos quais 32 dedicados à arte, Nico Menezes faz a sua primeira exposição na Universidade Estadual de Alagoas, após quatorze anos de jejum. “Eu já tinha abandonado o trabalho com peças pequenas, mas retomei após o convite do reitor Jairo Campos. ‘Não posso desperdiçar o meu talento, não é?”.

Com a simplicidade de quem testemunhou o sofrimento do povo sertanejo, Nico Menezes explica que não concluiu os estudos, tendo encerrado a carreira escolar ainda na quarta série ginasial (hoje correspondente ao 8º ano). “Estudei muito pouco”, conclui.

A carência de educação formal, no entanto, não tirou a sensibilidade de um homem que veio descobrir seu talento já na vida adulta, aos 31 anos de idade. “Primeiro, fui andarilho, percorri mais de 6.500 quilômetros a pé pelos estados do Nordeste brasileiro. ‘Realizei um sonho”.

Durante esta experiência, Nico Menezes começou a trabalhar com diversos materiais, desde a resina apóxi até concreto armado. “Vivo de arte, mas para me sustentar comecei a fazer esculturas que jorram água, tenho várias dessas espalhadas pelas praias da região Nordeste”. O Museu dos Esportes, no Estádio Rei Pelé, também abriga uma escultura do artista que já fez exposições em diferentes cidades do Brasil.

Para ele, a espiritualidade, a dor e o trabalho humanos são inspirações. Em suas obras vemos o Cristo talhado na madeira, a mulher trabalhando na lavoura do fumo, os retirantes, a grávida, os santos católicos. “As pessoas só estão interessadas no material e esquecem o espiritual, por isso há tantos crimes como vemos hoje”, sentencia ao explicar que é preciso buscar também a fé.

O ensaio do alemão Walter Benjamin, “A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica”, é um escrito consagrado no meio acadêmico e pode nunca ter chegado às mãos de Nico Menezes, porém a reflexão do homem simples sobre a reprodução do artístico é similar àquela do consagrado estudioso da Europa, falecido em 1940.

Nico Menezes afirma ser difícil viver de arte. Segundo ele, no Nordeste não há valorização do que é produzido, além disso, o processo de reprodução de obras de arte tornou-se comum. “Tenho um conhecido que reproduz, em uma máquina, os santos talhados à mão”, destaca.

Para que a marca do artista seja eternizada, muitos admiradores do trabalho do escultor pedem para que deixe a obra inacabada. “Essas pessoas pedem para eu não fazer o acabamento, assim a obra não pode ser reproduzida, torna-se única”, afirma.

Exposição

A exposição individual “Diversidades”, do artista Nico Menezes, está aberta à visitação do público, no Campus I da Universidade Estadual de Alagoas, em Arapiraca, até o dia 26 de agosto, das 8h às 21h, no hall da Biblioteca Central. A entrada é franca.

“Nessa exposição, trago um trabalho inédito que são as miniaturas em cabos de vassouras inutilizados. ‘Reciclo o material que iria par ao lixo”, explica Nico Menezes.

O evento é organizado pela Pró-Reitoria de Extensão da Uneal e segue a proposta de aproximar comunidade, arte e universidade. “A Universidade precisa estar junto da sociedade, mas também trazê-la para dentro da instituição. Uma forma de fazer esse movimento foi através da arte”, afirmou o pró-reitor de Extensão, professor Marcos Pontes.