Passividade maléfica

  • Jose Firmino
  • 27/08/2011 11:22
  • Blog do Firmino

Costuma-se dizer, por aqui, que o Brasil é um país maravilhoso. Com os seus 8.511.965 km2 de extensão territorial é o mais extenso da América do Sul, o terceiro das Américas e o quinto do mundo, ficando atrás apenas da União Soviética (22.402.200 km2), Canadá (9.970.610 km2), China (9.517.300 km2) e dos Estados Unidos (9.372.614 km2). Tem Bonitas praias, belas cidades e um povo ordeiro e trabalhador. Este tem sido o discurso.
Entretanto, ao longo do tempo, este País tem acumulado mazelas dos mais variados tipos e graus de danosidade sempre geradas por políticos indecentes, empresários depredadores e ladrões engravatados e comuns do erário, todos originários de todas as camadas sociais formadas por uma população de 190.732.694 brasileiros. Essa quantidade de habitantes faz do Brasil a quinta nação mais populosa do planeta, perdendo apenas para China, Índia, Estados Unidos e Indonésia.
Enumerar todas as mazelas brasileiras é, de certo, uma tarefa trabalhosa dada a sua extensividade. Dá porem para se destacar, dentre as muitas, aquelas que mais têm causado danos de todas as espécies ao País e ao seu povo e, dentre essas, devem ser destacadas: a corrupção desenfreada e descontrolada presente no setor público e no setor privado; o sucateamento dos sistemas de educação, saúde e segurança pública e, mais, a depredação das instituições brasileiras sérias.
Sem dúvidas, e acredito sem embargos de qualquer natureza, a CORRUPÇÃO é a pior das mazelas do Brasil, sendo o seu índice de classificação o que mais denigre a imagem desta Nação e a do seu povo. Certamente, não é confortável e nem motivo de orgulho para os brasileiros, saber que a seu País está classificado em 70° lugar no ranking dos 163 países mais corruptos do Mundo e em 14° lugar, entre os países mais corruptos da América. É vergonhoso e desmoralizante.
São maus políticos com mandato, maus ministros das mais variadas esferas, maus membros de todas as instituições e graus hierárquicos da República, que contribuem para manter o Brasil nesse desonroso ranking. A corrupção é uma epidemia altamente contagiante que apodrece as instituições brasileiras e leva ao sacrifício o seu povo mais pobre, mais abandonado e mais desvalido.
A revista Época divulga uma realidade que deveria revoltar toda essa gente sofrida. Torna público o relatório final da Policia Federal do caso VALERIODUTO, que canalizou para o bolso de muitos gabirus e ratazanas milhões de reais e levou muito tempo para ter o seu inquérito concluído. Mostra a revista que, como outros casos de roubo de dinheiro público, este também está longe de terminar. Transformado em processo ele vai passear de gabinete em gabinete no Supremo Tribunal Federal, enfrentando divergências entre os seus Ministros, tornando cada vez mais distante e difícil um veredicto condenatório que mande para a cadeia, todos os que “saquearam” o vulnerável cofre da República brasileira.
Assim, a exemplo do mensalão do governo Lula, finalmente confirmado depois de seis longos anos, registra-se Brasil a fora milhares de escândalos de menores proporções, mas tão danosos quanto esse, na medida em que também subtraem o dinheiro público que deveria ser destinado à educação, à saúde e a segurança do povo. Essa ladroeira, essa vigarice, esses ladrões do dinheirinho suado dessa gente, deveriam motivar a sua revolta e a sua irresignação, mas me parece que esses brasileiros já se acostumaram com a safadeza política, com o jeitinho desonesto de muitos dos seus irmãos e com a falta de comprometimento de muitas das suas autoridades.
Chego à conclusão de que essa passividade é altamente maléfica e faz com que a corrupção avance e o Brasil seja destacado lá “fora” como um País do exótico, terra das mulatas torneadas e estonteantes, do carnaval e de um povo desonesto e preguiçoso. A preguiça e a desonestidade existem, mas felizmente em minoria. Quanto às mulatas e o carnaval são riquezas nacionais que orgulham o Brasil, mas não é só isso que o País possui. Possui muito mais, mas a passividade do seu povo não deixa aparecer a sua própria excepcional criatividade, o seu talento e a sua invejável alegria de viver. Ao contrário, contribui com o avanço e a cronicidade das mazelas do seu País, o que é muito triste.