Já se foi o tempo em que a política partidária brasileira era uma grande paixão e a eleição o momento sublime da escolha dos melhores, dos mais capazes e dos mais carismáticos políticos para serem os representantes do povo e o gestor do patrimônio e da riqueza nacional.
Os partidos políticos assemelhavam-se aos times de futebol do coração e os políticos eram tidos como grandes ídolos, capazes de emocionar aos seus partidários, alem do que eram homens e mulheres em quem se podia confiar, tamanho o compromisso de cada um, para com a sua terra e a sua gente.
No passado não muito distante, a ação política partidária era um exercício democrático de cidadania e de grande amor ao próximo. Era uma nobre ação humana, desenvolvida por pessoas apaixonadas pela vida, pelo seu semelhante, pelo bem servir e pelo temor a Deus e às leis do País.
Hoje as coisas são diferentes. A política virou um grande negócio e os partidos políticos balcões destinados a mercantilização da consciência e do voto do eleitor, com raras e honrosas exceções. Hoje para se entrar nesse “mercado” não é preciso ter “Ficha Limpa”, mas ter muito dinheiro, ser um esperto fora da lei ou um aventureiro com dedicação exclusiva à prática diuturna de uma ação política profissional criminosa.
Ideologia, fidelidade partidária, honradez, cumprimento da palavra empenhada e compromisso com a ética, com o eleitorado e com o povo são valores humanos, absolutamente, excluídos do mundo político nacional da atualidade e do “Manual da Moderna Política Partidária Brasileira”, respeitando-se as poucas exceções existentes, repito.
Para se ter idéia do grande “negócio” que a política partidária representa no Brasil, basta analisar a freqüência com que ocorrem as eleições, de dois em dois anos, e o número de vagas de vereadores, deputados estatuais, prefeitos, deputados federais, senadores, alem, é claro, do cargo de Presidente da Republica, que por enquanto, é apenas um.
Durante os últimos pleitos eleitorais, ares de boas mudanças têm soprado na direção do povo brasileiro e do Brasil, graças a algumas ações providenciais do Ministério Público e de decisões acertadas do Poder Judiciário brasileiro, com alguns deslizes aqui e acolá, é bem verdade.
Com base nesses benfazejos ares é de se reconhecer indicadores de bons tempos futuros para o meio político partidário brasileiro. Mas, para que aconteça a mudança de comportamento dos nossos políticos, não se pode e nem se deve ficar esperando apenas pela aplicação e força de uma lei velha ou de uma lei nova, pela ação do Ministério Público e por uma decisão judicial acertada.
Essas ferramentas ajudarão muito na mudança política eleitoral que todos queremos, entretanto, ela somente acontecerá quando o povo brasileiro, de forma politizada, fizer valer a FORÇA do seu voto e o PODER da sua cidadania. Só assim poderemos ter, a médio e longo prazo, um País realmente democrático e um povo livre, feliz e, verdadeiramente, cidadão. Este será o País que desejamos, este será o nosso País, este será o Brasil.