A força do voto

  • José Firmino
  • 25/08/2011 08:37
  • Blog do Firmino

A violência vivenciada nos dias atuais no Brasil há muito tempo ultrapassou os níveis de tolerância e aceitabilidade da população brasileira, se é que se pode dizer que nesse caso cabe alguma dosimetria em relação à tolerância e a aceitação das ações dos brandidos pés de chinelo e engravatados, com assento nas cadeiras macias dos órgãos públicos brasileiros mais importantes.
Os bandidos originários dos morros e grotões envolvidos com homicídios, latrocínios, roubos, seqüestros e trafico de drogas estão cada dia mais violentos, mais sanguinários e ousados. Eles não têm medo de nada e contam em seu favor, com o sucateamento e despreparo generalizado dos órgãos de segurança publica, com a morosidade crônica da justiça brasileira e com a legislação nacional que é um excelente convite para o ingresso no mundo da bandidagem, por ser um extraordinário instrumento de impunidade.
Quanto aos bandidos de “colarinho branco”, bem, esses são senhores de si, “honrados”, nada lhes atinge e são os que mais “roubam” e mais danos causam ao povo brasileiro e ao futuro do Brasil. Esse bando é formado por servidores públicos de todas as graduações e de praticamente todos os órgãos públicos municipais, estaduais e federais do País, por políticos de todas as patentes e partidos e gatunos chiques, travestidos de empresários.
Os primeiros bandidos, os tatuados, os consumidores de drogas, geralmente, de pouca leitura e educação, são os que mais aterrorizam a sociedade porque seqüestram pessoas, as violentam, roubam e matam sem dor e nem piedade. Já os bandidos de “colarinho branco”, geralmente educados, bem vestidos, com um bom grau de ensino e cultura, não amedrontam ninguém.
Entretanto, são esses os piores bandidos porque atacam uma sociedade indefesa, roubando-lhe o seu maior patrimônio que é o dinheiro da merenda das suas crianças, o dinheiro do setor de saúde do país, da educação, da segurança publica e de outros setores vitais para o Estado brasileiro e para o seu povo.
Analisando o quadro aqui exposto de forma simplista, pode-se concluir que essa situação é fácil de ser resolvida bastando, para tanto, prender todos esses ladrões e fazer com que eles paguem pelos crimes praticados. Enganam-se os que assim pensam. Essa difícil equação social não é tão fácil assim de ser resolvida e apenas a cadeia não é o instrumento eficaz de solução para esse caos que se abate sobre o País, agravando-se cada dia mais.
Penso que a solução desse problema passa, em primeiro lugar, por um processo de educação e de mudança dessa cultura nacional de rapinagem e, paralelamente, pela implementação de políticas públicas voltadas para o bem estar do povo brasileiro em geral, dando a esse povo trabalho e renda, saúde, educação, cultura e lazer. Colocando a serviço desse povo uma policia humana e eficiente, uma legislação justa e uma justiça ágil, eficaz e da mais alta credibilidade.
Certamente, para se ter esse novo Brasil é preciso se promover uma reforma geral no seu quadro político e é exatamente ai onde está a grande dificuldade. Infelizmente o brasileiro ainda não se deu conta de que a nossa vida depende da classe política. É ela a responsável pelas políticas publicas de emprego, saúde, educação e segurança, dentre outras de igual importância. Daí a necessidade de se ter políticos sérios, honrados, que conheçam as necessidades do povo e que estejam comprometidos com a melhoria da qualidade de vida desse povo e o restabelecimento da sua dignidade.
Portanto, está na hora de parar de dizer que política não lhe interessa, de dizer que os políticos não prestam, são todos ladrões e que o seu único interesse é cuidar da sua vida e da vida da sua família. Estou convicto de que essa postura é uma postura omissiva, covarde e danosa para o omisso e para todos.
Ao contrario do se diz, nem todos os políticos são ruins, desonestos e ladrões. A política partidária eleitoral deve ser ponto de preocupação de todos, pois são os políticos quem cuida da economia do País, estabelece o valor do imposto que se paga, institui as políticas publicas relacionadas com a qualidade de vida de todos e edita as leis que povo tem que cumprir. Está na hora de se assumir a responsabilidade pelo bom ou ruim político que se elege. A mudança que se quer depende da força do voto e está na disposição daqueles que, honestos e bem intencionados, disponibilizam os seus nomes, como verdadeiros instrumentos de mudança.