O espírito Gerson de ser, sempre se procurando “levar vantagem em tudo”, espírito impregnado num número assustador de brasileiros e, praticamente, em toda a classe política deste País, ressalvadas as poucas exceções, desmoraliza o Brasil e envergonha aos nacionais que têm a honestidade e o respeito á ética, como irrenunciáveis princípios de vida.
Com a manchete “O SEGREDO DO SUCESSO” e matéria publicada em cinco paginas, a revista VEJA desta semana (11/05/2011) mostra uma radiografia de meio corpo, do funcionamento da corrupção nas entranhas do Governo Federal, na gestão do Presidente Luiz Lula Inácio da Silva.
A figura destacada pela revista nessa matéria é a do ex-ministro e ex-deputado federal José Dirceu, forçado a se demitir da Casa Civil da Presidência da Republica, em 2005, depois de ter sido identificado como um dos principais mentores do mensalão. Por conta dessa estripulia, Dirceu também teve o seu mandato de Deputado Federal cassado pelos seus pares, naquela casa legislativa.
A matéria aqui mencionada deveria causar um grande impacto no leitor brasileiro, exatamente em razão dos detalhes expostos, dos órgãos governamentais apontados como endereços das gatunagens praticadas e, ainda, pelas bilionárias cifras que, segundo a revista, foram saqueadas dos cofres públicos da União. Pois é, isso não aconteceu. Pelo menos em mim, essa roubalheira toda não causou surpresa alguma e eu explico.
É que durante esses 26 anos do fim da ditadura Militar, espaço de tempo denominado de “período de redemocratização” do país, o povo brasileiro tem assistido passivamente o aumento geométrico da corrupção no Brasil. Para se ter uma idéia da gravidade do caso, durante o primeiro governo deste chamado período democrático, Governo Sarney, de 1985 a 1990, foram registrados cinco casos de escândalos e a abertura de uma CPI da Corrupção, que não deu em nada.
Na gestão seguinte, Governo Collor de Mello, de 1990 a 1992, foram registrados 19 casos de corrupção que teve como resultado o Impeachment do Presidente. O seu sucessor, Itamar Franco, durante o período em que governou o Brasil, de 1992 a 1994, registrou 30 escândalos. Conseguiu, assim, o Itamar, um crescimento de cerca de 60%, em relação ao seu antecessor, na corrupção do país. Fernando Henrique, durante os seus dois mandatos, de 1995 a 2003, enfrentou duas CPIs e teve 42 casos de corrupção registrados. Por sua vez, o seu sucessor, Presidente Lula, no período de 2003 a 2011, superou todos os ex-presidentes ao enfrentar cinco CPIs e ampliar o placar da corrupção para a marca de mais de 100 escândalos.
Este, portanto, é o nosso Brasil. País onde o eleitor vende o seu voto por míseros R$ 50,00; onde se rouba e se mata à luz do dia e, se o criminoso não for pego em flagrante, nunca vai para a cadeia, em nome da presunção de inocência, capitulada no inciso LVII do art. 5º da Constituição Federal; País de 190.732.694 habitantes, onde se tem mais de 68 milhões de processos judiciais em tramitação, entregues a pouco mais de 16 mil magistrados que, na media, presta tutela jurisdicional a 12 mil pessoas e cuida de 4.250 processos cada um.
Este é o nosso Brasil. País onde a saúde e a educação, depois de entregues a iniciativa privada, transformaram-se, criminosamente, em grandes e lucrativos balcões de negócios. País onde o pobre quase nada recebe, além da esmola que o governo lhe dá, sob o pretexto de distribuição de renda e riqueza. .Pais onde o governo desarma a sua população e não lhe garante o mínimo de segurança possível. País onde os gestores públicos roubam desavergonhadamente o dinheiro que lhes é entregue para aplicar na melhoria da condição de vida das pessoas, sem que sejam punidos ou simplesmente importunados. País onde a corrupção incontrolável a cada dia se agiganta e a impunidade impera e se destaca.
Este é , pois, o nosso Brasil, o Brasil da corrupção.