Desde a infância gosto de fábulas, principalmente por grande parte delas conter em seu íntimo mensagens e conceitos que transpassam o entretenimento puro e realmente refletirem os sentimentos, pensamentos e, por que não, uma realidade, seja nossa, do autor, do passado, do presente ou do futuro. Sendo assim, me cativou, tanto esteticamente, quanto conceitualmente, mas, principalmente, liricamente este filme dirigido em 2009 pelo irlandês Neil Jordan, Ondine.

Jordan, conhecido por filmes como “Entrevista com o Vampiro” e “Traídos pelo Desejo”, escreve e dirige essa bonita e tocante fábula sobre um pescador que “pesca” uma mulher que julga ser uma “selkie” (espécie de criatura mitológica da escócia, um tipo de sereia). Não cabe aqui comentar mais acerca do enredo, pois a graça desse tipo de produto está justamente em saber o menos possível e ir descobrindo conforme se vai assistindo, contudo quero destacar o quão bem conectada está a fábula em questão com a realidade familiar e os conflitos do núcleo principal de personagens (composto pelo pescador, vivido por Colin Farrel, a “selkie” Alicja Bachleda e a filha da personagem de Farrel, a carismática e talentosa Alison Barry), deixando assim o espectador curioso até os últimos minutos de projeção.

Existem obras e obras, contudo Ondine encaixa-se naquelas em que o lirismo, a poesia e a imaginação se sobrepõem à crítica, a verossimilhança e transposição da realidade. Um filme pouco visto, pouco comentado e pouco divulgado, mas que merece mais do que ser visto, merece ser sentido.

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Ondine (Irlanda, 2009). Direção: Neil Jordan. Com: Colin Farrel, Alicja Bachleda, Alison Barry, Stephen Rea, Tony Curran e Dervla Kirwan.

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Para mais informações (sinopse, ficha técnica completa, trailer etc.) sobre o filme, recomendo acessar o seguinte site: http://www.adorocinema.com/filmes/ondine/