Julliany Machado acusa ex-prefeita de Traipu de nepotismo

  • Redação
  • 18/05/2012 08:33
  • Cidade
Vereadora Maria da Conceição
Vereadora Maria da Conceição

A ex-prefeita do município de Traipu, a vereadora Conceição Tavares, tem sido alvo de várias denúncias desde que deixou o comando do poder executivo. Isso porque, além de ter recolhido toda a documentação contábil e financeira da sede da Prefeitura, numa clara tentativa de inviabilizar a nova administração, a vereadora ainda protagonizou verdadeiro rateio da folha de pagamento do município entre os vereadores que lhe deram guarida nos três meses de seu mandato ‘tampão’.

Peritos contratados pela Prefeitura de Traipu já identificaram verdadeiro ‘trem da alegria’, com a nomeação de servidores ‘fantasmas’, que sequer conhecem o município. O levantamento prévio – visto que o Tribunal de Contas do Estado, já acionado, deverá proceder inspeção complementar – dá conta de que a vereadora distribuiu R$ 45 mil em cargos comissionados entre parentes.

Prova disto é que somente dois familiares da ex-prefeita, Raul Emerson Teixeira Santos e Aparecida Maria Silva Souza, que é servidora da Secretaria de Estado da Educação, recebiam R$ 6 mil cada. O primeiro é primo da vereadora, o que reforça a tese de nepotismo, enquanto Aparecida, casada com Raul, já é servidora pública estadual. Ou seja, tem-se uma afronta à constituição, que proíbe a acumulação de cargos públicos.

Outro que aparece na lista de ‘agraciados’ é Valter Albuquerque Dias, que é irmão de seu cunhado e secretário no município de Campo Alegre, motivo pelo qual também não poderia exercer cargo público em Traipu, tendo recebido R$ 2 mil mensais.

Já o vereador Erasmo Dias também esteve entre os beneficiados nos três meses de gestão da vereadora, beneficiando seis pessoas com quase R$ 40 mil. Benedito Pinheiro de Moura, Marcelo Neiville de Araújo, Monique Natassia Neiville de Araújo, Renata Souza Neiville Araújo, Otilia Maria Araújo Dias e Keila Reis Correia dos Santos foram os escolhidos pelo referido vereador.

Todos residem em Maceió, mas recebiam salários pagos pela Prefeitura de Traipu, onerando os cofres públicos. Enquanto os dois primeiros são esposa, tio e tia do vereador, os demais são todos primos de Erasmo Dias, em novo flagrante de nepotismo na gestão de Conceição Tavares.

Mais ‘agraciados’

E não para por aqui. Outro que tem de se explicar é o vereador Valter da Farmácia, que recebeu quase R$ 23 mil e ainda conseguiu ver nomeados Wagnerly José Barbosa dos Santos e José Augusto Martins Barbosa. Filho e cunhada, respectivamente, ganhavam R$ 3,2 mil mensais.

O levantamento traz, ainda, os vereadores Etinho e Fernando do Bida, que lucraram indevidamente cerca de R$ 17 mil cada, já que o primeiro teve nomeados primo e esposa, além das irmãs, enquanto o segundo viu irmã e sobrinhos também nomeados – alimentando assim o crime de nepotismo, previsto no artigo 37 da Constituição Federal.

José Eduardo, também vereador, conseguiu distribuir mais de R$ 15 mil entre irmão, esposa, filhos e sobrinhos, enquanto que Luiz Mota Santos, que é servidor da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), recebeu R$ 11.266,00, tendo prestado falsas informações à Justiça, antes mesmo de a vereadora Conceição Tavares assumir o cargo de prefeita.

Prejuízo com centenas de nomeações

E a equipe da prefeita Julliany Machado – que retomou o cargo por força de decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) – identificou ainda casos como o que envolve servidores da Eletrobras em Alagoas, cada qual recebendo R$ 3,2 mil mensais, onerando a folha de pagamento em R$ 175 mil, em comparação com janeiro de 2012, quando Julliany ainda era prefeita.

“O mais grave é que boa parte destas pessoas nunca deram um dia de serviço em Traipu. Há casos até de pessoas que sequer conhecem o município, o que é um absurdo”, explicou a prefeita Julliany Machado.

Segundo ela, a auditoria interna detectou ainda que mais de 300 pessoas foram contratadas somente em fevereiro, março e abril deste ano, sem qualquer justificativa e previsão legal.
“Não queremos fazer nenhuma caça as bruxas, mas precisamos pôr as contas do município em ordem para que possamos recolocar Traipu no caminho do desenvolvimento”, revelou Julliany Machado, afirmando acreditar que a inspeção – por meio da qual se constatou a série de irregularidades – ainda esteja no começo, em virtude dos muitos problemas que herdara.

“Foi uma verdadeira devassa nos cofres públicos, em apenas três meses. Por isso, encaminharemos todo o material que produzimos ao Ministério Público Estadual, provocando também o Ministério Público Federal, já que também se utilizou recursos do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação]”, emendou a prefeita de Traipu, afirmando continuar a crer na Justiça estadual, a fim de que os denunciados sofram as penalidades previstas em lei.