“Lei da mordaça imperou anos e fez Limoeiro parar no tempo”

  • Redação
  • 12/03/2012 11:20
  • Cidade
Prefeito Marlan
Prefeito Marlan

Em entrevista concedida à imprensa, o prefeito Marlan Ferreira fez um breve balanço dos três primeiros anos de sua gestão à frente da Prefeitura de Limoeiro de Anadia. Marlan falou sobre as ações realizadas e, principalmente, sobre as conquistas do povo limoeirense no período.

O prefeito disse ainda que uma de suas maiores realizações enquanto prefeito foi ver que o clima de democracia voltou a prevalecer no município. Segundo Marlan, o povo limoeirense viveu durante anos na “lei da mordaça”, sem o direito de sugerir, opinar ou criticar as ações do poder público.

O cargo de prefeito era um sonho de infância de Marlan Ferreira, que é filho, neto e tri-neto de prefeitos. Ele disse que foi eleito para representar e trabalhar em prol de todos os limoeirenses, independente de bandeira ou cor partidária.

ENTREVISTA

Desde criança o seu maior sonho era ser prefeito de Limoeiro de Anadia. Três anos após realizar esse sonho qual reflexão o senhor faz?

Como prefeito sinto-me realizado, mas também muito decepcionado com algumas calúnias, difamações e mentiras que o mundo político nos pregou nesses primeiros três anos de mandato. Sempre combati a criminalidade e a violência e hoje não admito que meu nome seja colocado no mesmo nível das pessoas que me caluniam. Mas esse lado negativo é compensado quando vemos que o nosso trabalho vem surtindo efeito na melhoria da qualidade de vida de nosso povo, principalmente entre os mais necessitados. É para isso que fomos eleitos e é por eles que continuaremos trabalhando.

Limoeiro de Anadia é considerada uma cidade atípica quando o assunto é política. Como o senhor encara isso?

Durante os últimos anos, Limoeiro de Anadia foi vítima de uma picuinha política sem precedentes, que até hoje envergonha o nosso povo. A “lei da mordaça” imperou durante anos e fez o nosso município parar no tempo. Até pouco tempo atrás, servidores municipais ou pessoas que faziam parte de determinado grupo político evitavam, sequer, conversar em via pública com eleitores da oposição. Havia uma ditadura interna e parecia que não fazíamos parte de um dos países mais democráticos do mundo.

Hoje isso mudou?

Sem sombra de dúvidas. Creio que somente uns 10% dos limoeirenses ainda agem desta forma. Antes, quem chegava na cidade de carro e com os vidros fechados era abordado e tinha que responder perguntas a exemplo quem era, de onde vinha e para onde ia, ou seja, havia o cerceamento do direito de ir e vir. Hoje as pessoas sentam-se na praça, criticam ou elogiam o prefeito Marlan sem medo de represálias. É o clima de liberdade, de democracia e, principalmente, de civilização, que vem tomando conta do nosso município. Essa é a bandeira que defendo. Nossa administração trabalha para todos, independente de cor partidária. Não importa se deixarei o cargo no final deste ano ou daqui há quatro anos. O que importa é saber que os limoeirenses estarão libertos e não mais aceitarão viver na lei do cabresto.

Essa mudança refletiu na diminuição da violência?

Claro. No passado, quando vivíamos em “estado de sítio”, poucos jovens freqüentavam as festas de nossa cidade. Brigas, ameaças e até mortes afugentavam os visitantes e nativos. Hoje nossos eventos são freqüentados por jovens, famílias inteiras e até crianças, tudo num clima de segurança e animação. Isso não só refletiu na diminuição da violência como também no desenvolvimento do município.

De que forma o município tem se desenvolvido?

Arapiraca, Craíbas, Coité do Nóia, Junqueiro e Taquarana são municípios filhos de Limoeiro. Eles se desmembraram, cresceram e nós permanecemos parados no tempo durante anos. Hoje o nosso comércio cresceu, seja na cidade ou até mesmo nos povoados. Três importantes loteamentos estão sendo abertos em nosso município, nas comunidades Genipapo e Pé Leve. Temos uma terra fértil e com um excelente manancial e isso facilita muito quem pensa em investir. Esses investidores acreditam no crescimento e sabem que podem contar com a nossa parceria.

O senhor diz que investir nos jovens é uma prioridade de sua gestão. O que o Município tem feito por eles?

Anos atrás, visitando amigos em sítios, povoados e até na zona urbana, eu encontrava jovens que haviam terminado os estudos, mas estavam dentro de casa ou trabalhando na roça, sem qualquer perspectiva de futuro. Eles não tinham condições financeiras para cursarem uma faculdade em Maceió ou Arapiraca. Aquilo me deixava angustiado. Aí tivemos a idéia de criarmos o Pré-vestibular Municipal, um curso gratuito, onde os jovens limoeirenses encontraram a oportunidade para se prepararem para enfrentar vestibulares, disputando de forma igualitária com candidatos dos grandes centros. O pré-vestibular gratuito é pioneiro no Nordeste e o município arca todas as despesas com transporte, independente de onde o aluno curse a faculdade.

Além desta, existem outras ações voltadas à geração de empregos?

Sim. Um dos maiores sonhos de nossa gestão será a concretização do Distrito Industrial. Ele deverá gerar mais de mil empregos e uma de nossas exigências aos empresários é que toda mão de obra seja local. Para isso já fizemos a nossa parte. Numa parceria com o Senar/Senai e com o governo federal através do ProJovem Trabalhador, já qualificamos cerca de 1.700 jovens, que estão preparados para assumirem seus postos assim que o Distrito Industrial começar a funcionar.

E quando ele começará a funcionar?

Há cerca de dois anos apresentamos o projeto ao Governo do Estado, que ficou bastante satisfeito. Em seguida, doamos uma área com cerca de 150 mil metros quadrados no distrito Pé Leve e fomos em busca dos investidores. Conseguimos confirmar a vinda de empresas importantes como Unicompra, Tio Vieira, Vinagre Ostra, Relevo, Líder, Doce Popular, Batata Flex, entre várias outras. Estamos aguardando somente que o governo do Estado sinalize o início da obra de urbanização e saneamento do local. A obra está garantida, basta apenas vencer algumas burocracias que fazem parte do processo.

Uma de suas maiores preocupações enquanto gestor é com a violência no município. O que o senhor tem feito com relação a isso?

Sempre reivindiquei mais policiamento para o nosso município, principalmente para a construção de uma base policial no distrito do Pé Leve que, com os seus 12 mil habitantes, já começa a sentir os efeitos negativos da violência e do tráfico de drogas. Recentemente, conversei com o diretor-geral de Polícia Civil, delegado José Edson, e com o comandante geral da Polícia Militar, coronel Luciano Silva, onde fiz algumas reivindicações. Na oportunidade, o coronel da PM garantiu o envio de uma viatura zero quilômetro nos próximos dias para Limoeiro de Anadia, assim como a construção de uma base policial no Pé Leve em abril. Durante as conversas que tive com o governador Teotônio Vilela Filho e com o comandante do 3º Batalhão, mostrei que a Prefeitura está disposta a oferecer todo apoio logístico para as forças policiais, contribuindo assim com a diminuição da violência.

Estamos às vésperas das eleições municipais. Essa falta de segurança o preocupa?

Sim e muito. Temos um histórico de violência, principalmente nos períodos eleitorais e isso não poderá se repetir neste ano. Estaremos novamente fazendo contato com a cúpula de segurança para solicitar providências urgentes quanto ao reforço da segurança em Limoeiro. A campanha vai começar, os blocos estarão nas ruas e as pessoas de bem não poderão sofrer com intimidações, ameaças e até agressões.

Faça um balanço rápido desses três anos de mandato.

Bom, são muitas as ações, graças a Deus. Durante esses três anos conseguimos organizar o município e devolver uma melhor qualidade de vida para o nosso povo. As demandas ainda são muitas, mas já conseguimos implementar ações importantes nas áreas de saúde, educação, moradia, agricultura, assistência social, cultura, enfim, o básico para manter a qualidade de vida da população. Hoje o nosso cursinho pré-vestibular atinge índices de aprovação assim como os mais renomados cursinhos particulares do Estado. Temos professores da Ufal e Cesmac que vêm dar aulas no município. Na agricultura o trabalho também é intenso. Segundo dados do Banco do Brasil, Limoeiro está em primeiro lugar em Alagoas no financiamento para a Agricultura Familiar. Somos os primeiros no Agreste e Sertão no financiamento de veículos e máquinas para os agricultores. Em 2011 foram liberados R$ 3,5 milhões em financiamentos, totalizando R$ 8 milhões nos últimos três anos. O município ainda disponibiliza técnicos que preparam as propostas dos agricultores e enviam para os bancos. Limoeiro também foi um dos primeiros municípios alagoanos a implantar o PAA e somos o que mais compra em todo o Estado. Outra conquista está na área de Educação. Hoje somos o quinto município em Alagoas que melhor paga os professores. Quando assumimos, a categoria ganhava um salário mínimo e os funcionários recebiam na tesouraria da Prefeitura.

O senhor vai disputar a reeleição?

Todo mundo quando começa um trabalho quer terminar. Nesse primeiro mandato, o trabalho de reorganização foi grande, mas conseguimos colocar Limoeiro nos trilhos do desenvolvimento. Precisamos de mais tempo, uma vez que ainda não conseguimos fazer tudo o que queremos, afinal, tudo estava muito desorganizado. Primeiro é preciso varrer a casa para depois arrumar a mobília. Pretendo sim disputar a reeleição e se for da vontade popular, irei continuar trabalhando por Limoeiro.