Governo amplia atendimento a hemofílicos e falcêmicos

  • Redação
  • 12/09/2011 07:00
  • Cidade

Para submeter a pequena Sâmilly Brito, de 11 meses, ao tratamento de anemia falciforme, a dona de casa Sandra Maria Brito tinha que se deslocar de Coité do Nóia, no Agreste do Estado, até Maceió, onde funciona o Hemocentro de Alagoas (Hemoal). Mas, desde o início desta semestre, graças à política de descentralização promovida pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), o atendimento para hemofílicos e falcêmicos passou a ser disponibilizado também no Hemocentro Regional de Arapiraca (Hemoar), facilitando o acesso aos pacientes que residem no interior do Estado.
Com o novo serviço, o acompanhamento de Sâmilly tem sido sistemático e as crises que ela sofria foram reduzidos, segundo a própria mãe, que comemora a melhoria no atendimento com a descentralização da Sesau. Sandra Maria Brito relembra que nos dias em que havia consulta marcada no Hemoal, ela tinha que sair bem cedo de sua residência e percorria 122 quilômetros para assegurar que a filha tivesse acompanhamento integral.
“Graças a Deus que doutora Sandra Helena [hematologista do Hemoal] passou a atender duas vezes por semana no Hemoar, porque agora não tenho que me deslocar até Maceió. Antes era todo um desgaste, mas agora praticamente minha filha é atendida em casa, sem desgastes e com a garantia de que teremos a mesma qualidade do atendimento disponibilizado no Hemoal”, frisou a mãe de Sâmilly Brito, cujo diagnóstico da anemia falciforme foi descoberto no teste do pezinho.
Atendimento hematológico
Os portadores de anemia falciforme e os hemofílicos podem dispor do serviço hematológico duas vezes por semana, sempre às segundas e sextas-feiras, no horário das 8h às 17h. Além das consultas eletivas e atendimentos de urgência, aqueles que apresentam sintomas das duas doenças não necessitam mais se deslocar até Maceió, já que em Arapiraca podem ser submetidos às consultas especializadas, além de poderem diagnosticar o problema.
Para assegurar a descentralização, a direção da Hemorrede Pública de Alagoas capacitou a equipe de auxiliares e técnicos de enfermagem responsáveis pela aplicação dos Fatores VIII e IX aos hemofílicos. Com isso, os profissionais ficaram habilitados a atender os pacientes, conforme determina a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segundo a diretora do Hemoar, Márcia Rocha.
A medida atende a uma antiga reivindicação dos pacientes e familiares, que por meio da Associação de Pessoas com Hemoglobinopatias de Alagoas (Aphal), criada há três anos, mostraram a necessidade de descentralizar o atendimento para que a prevenção pudesse estar mais próxima dos pacientes.
Para o presidente da Aphal, Sidney Santos, a descentralização das consultas hematológicas para o Hemoar representa um passo muito importante para os portadores de Anemia Falciforme. Ele tem 27 anos e teve a doença diagnosticada nos primeiros meses de vida. “O fato de ter que se deslocar do Sertão para Maceió, muitas vezes, faz com que o paciente só procure ajuda médica quando está em crise. Com o atendimento descentralizado para o Hemoar, em Arapiraca, cerca de 200 portadores de Anemia Falciforme que residem no Agreste, Sertão e Baixo São Francisco não necessitam mais migrar para a capital”, comemora.
Doenças
A anemia falciforme é uma doença hereditária, que deforma as hemácias (glóbulos vermelhos), dificultando a circulação. Essa condição é mais comum em pessoas negras, por isso, em países da África, os portadores assintomáticos chegam a 20% da população e, no Brasil, representam cerca de 8% da população negra.

Nos casais portadores do traço falciforme, há um risco de 25% para que os filhos venham a ser portadores da doença. Nesses casos, é indicado o aconselhamento genético antes do planejamento de filhos e a realização do teste do pezinho, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), antes de o bebê receber alta da maternidade.

Já a hemofilia, que é uma doença hemorrágica hereditária, é caracterizada pela dificuldade do organismo em coagular o sangue. O organismo deixa de produzir as proteínas fator VIII ou IX, o que desencadeia manchas roxas e sangramentos nas articulações e músculos, na gengiva e no nariz.

Cadastro para doadores de medula óssea também é feito no Hemoar

O Hemoar também está fazendo o cadastro de voluntários para doação de medula óssea, com objetivo de aumentar o número de alagoanos cadastrados no Registro Nacional dos Doadores de Medula Óssea (Redome). Desse modo, os interessados em salvar a vida de pessoas com leucemia e aplasia, por exemplo, não precisarão mais se deslocar até o Hemoal, em Maceió, e campanhas poderão ser realizadas nos municípios do interior.
Segundo dados da Hemorrede Pública de Alagoas, 13.927 alagoanos já se cadastraram no Redome para se candidatar à doação voluntária de medula óssea.

O voluntário deve ter boa saúde, no mínimo 18 anos e portar CPF e carteira de identidade. Antes do procedimento, ele preenche um formulário e, posteriormente, é coletado apenas 5ml de sangue, que será utilizado para descobrir o código genético. Os dados são remetidos para o Redome, no Rio de Janeiro, onde são cruzados com os disponibilizados pelos pacientes que estão contidos no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme).

Caso haja semelhança nos dados, o voluntário é convocado para se submeter a exames para comprovação da compatibilidade com o receptor. O transplante de medula óssea consiste em um procedimento onde é feita uma pequena intervenção cirúrgica nos ossos da bacia. Em 90 minutos, é aspirada à medula óssea. Paralelamente, o receptor se submete a um tratamento que destrói a própria medula para receber a coletada do voluntário, como se fosse uma transfusão de sangue.

A nova medula óssea é rica em células chamadas progenitoras que, após mergulhar na corrente sanguínea, circularão e irão se alojar na medula óssea, onde se desenvolverão. Para obter mais informações, os voluntários podem se dirigir ao Hemoar, de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h.

Dúvidas sobre o processo de cadastro e doação podem ser esclarecidas pelo telefone 3522-3094 ou pelo e-mail [email protected].

O Hemoar funciona na Rua Geraldo Barbosa Lima, no Centro de Arapiraca.