Juiz aguarda defesa prévia de padre para marcar julgamento

  • Redação
  • 05/04/2011 09:25
  • Cidade
Cadaminuto

A população de Arapiraca, que aguarda ansiosamente desde o início do ano passado pela elucidação do caso em que padres são acusados de manter relações sexuais com menores, pode ver o desfecho do maior escândalo da história do município nas próximas semanas.

Em entrevista a reportagem do Minuto Arapiraca, o juiz João Luiz Azevedo, da Vara da Infância e Juventude de Arapiraca, contou que aguarda apenas a chegada da carta precatória contendo a defesa prévia ou contestação do padre Edilson Duarte, um dos acusados de pedofilia juntamente com monsenhores Luiz Marques e Raimundo Gomes, para marcar o julgamento.

Segundo o magistrado, o processo tramitava desde o início das acusações na 8ª Vara Criminal, mas como o caso envolvia menores, apenas no dia 03 de março, foi transferido para a 1ª Vara, a da Infância e Juventude. Ele explicou que como o padre Edilson Duarte reside em Maceió, a carta precatória foi enviada para justiça da capital, para que o nome dele seja citado e posteriormente apresente defesa ou contestação.

“Os acusados residentes aqui em Arapiraca, Luiz Marques e Raimundo Gomes, já apresentaram a defesa. Só estamos aguardando a chegada da carta precatória com a defesa do Edilson Duarte para que possamos marcar a data de uma audiência única, o julgamento, onde a justiça escutará todas as testemunhas e os acusados”, falou o juiz.

Como foi

O Programa do SBT ‘Conexão Repórter’, comandado pelo jornalista Roberto Cabrini, chocou a população arapiraquense com os casos envolvendo dois monsenhores e dois padres da cidade. A matéria devastadora trouxe inclusive um vídeo onde um dos monsenhores, Luiz Marques, faz sexo com um jovem.

Conexão Repórter trouxe o resultado de uma extensa investigação que comprovou denúncias de abusos sexuais de padres contra coroinhas ocorridos no município. Para comprovar as denúncias, Cabrini entrevistou padres, sacristãos, coroinhas e suas famílias, obtendo imagens chocantes e confirmando que dentro daquela paróquia ocorriam abusos.

Posteriormente, em entrevista ao repórter, um dos sacerdotes acusados revelou ter ele próprio abusado sexualmente de menores. Foi a primeira vez na história da Igreja Católica brasileira em que o Vaticano reconheceu um caso de abuso sexual contra menores.

Na matéria, o jornalista fala que o vídeo foi o ponto inicial e ao chegar na cidade encontrou Fabiano, o rapaz que aparece ao lado do padre mantendo relações sexuais. Fabiano, hoje com 20 anos, relatou que se tornou coroinha na igreja com 12 anos de idade e desde então foi assediado sexualmente pelo padre. Contou ainda que manteve um relacionamento com o religioso durante anos, e por isso desistiu do antigo sonho de se tornar padre.

Durante a apuração, outros jovens foram localizados dizendo que passaram pelo mesmo assédio, chegando a prática do sexo com os padres. Entre eles está um menino, de 11 anos. Ele afirmou que foi assediado por um outro padre da região, Edilson Duarte, responsável pela Igreja Catedral de Bom Conselho.

Na reportagem seguiram-se várias denúncias de jovens e pais de crianças que foram coroinhas e acabaram assediados pelo Monsenhor Luiz Marques, pelo padre Edilson Duarte e pelo Monsenhor Raimundo além de um outro padre não identificado.

Os padres foram ouvidos e negaram toda a história, mas a reportagem flagrou um advogado identificado como Daniel Fernandes intimidando e até ameaçando os jovens responsáveis pela gravação, identificados como Flávio e Fabiano. Os garotos confirmaram ainda que receberam R$ 30 mil reais do advogado em uma negociação intermediada pelo Monsenhor Raimundo para que não divulgassem os vídeos.