Mineirinho é campeão na Barra e leva o Brasil pela primeira vez ao topo

  • Redação
  • 20/05/2011 12:34
  • Esporte
Mineirinho
Mineirinho

Ele chegou ao Rio de Janeiro economizando palavras, correndo pelas beiradas. E saiu do mar da Barra da Tijuca, nesta sexta-feira, como número 1 do mundo. Adriano de Souza, Mineirinho, derrotou o australiano Taj Burrow na final do Rio Pro e conquistou pela primeira vez a etapa brasileira do Circuito Mundial. O país, pela primeira vez na história, está na liderança do ranking.

O australiano Joel Parkinson, então vice, chegou a assumir a ponta depois da eliminação do americano Kelly Slater, agora terceiro. O sul-africano Jordy Smith caiu para quarto.

- Não tenho palavras para dizer agora, só muito obrigado. Ao meu patrocinador, aos meus fãs, que ficaram comigo desde o início. Eu hoje defendi o sangue do Jadson (André), que foi campeão no ano passado. Kelly (Slater), Joel (Parkinson), Taj (Burrow)... são todos grandes surfistas. Mas, se os caras caírem, eu vou tentar o meu melhor - disse, entre lágrimas, o brasileiro.

Mineirinho passa por baterias e se sagra campeão na Barra

O Circuito Mundial de surfe começou em 1976, ano em que Pepê Lopes conquistou o Waimea 5000 nas ondas do Arpoador. Nesse tempo todo, o melhor resultado de um brasileiro no ranking tinha sido do próprio Mineirinho, quando o paulista do Guarujá abriu o ano com um vice na Gold Coast, em 2009. Mas é de Victor Ribas a melhor campanha em uma temporada inteira: terceiro em 1999.

- Posso morrer feliz da vida, pois venci esse campeonato. Entrei para a história do surfe brasileiro agora. Antes, todo mundo falava que eu poderia, mas era difícil eu acreditar, pois ainda não tinha vencido um grande evento no meu país. Agora o dia chegou. Sabia que essa mudança para o Rio de Janeiro poderia ser boa para mim. E foi o que aconteceu.

A vitória estava engasgada. Mineirinho tinha batido na trave no Brasil em 2009, quando perdeu a final em Imbituba para Kelly Slater. Naquele mesmo ano, conquistou sua primeira vitória no Circuito Mundial. Nas ondas de Sopelana, pico alternativo à mítica Mundaka, no País Basco.

Houve quem dissesse que a Barra estava com cara de Mundaka. O americano Bobby Martinez, bicampeão da etapa do País Basco, abriu bem o dia, eliminando o compatriota Damien Hobgood. Depois, porém, caiu diante de Taj.

Logo depois, o francês Jeremy Flores derrubava Joel Parkinson, então líder do ranking. O campeão do Pipe Masters vinha de uma derrota amarga, na quarta fase, quando o aussie tirou 9,73 nos últimos segundos. Jeremy bateu Parko, mas não conseguiu parar Taj.

Do outro lado da chave, Mineirinho ia passando aos trancos e barrancos. Na primeira do dia, viu o taitiano Michel Bourez machucar o ombro e desistir da disputa. Mesmo depois de o adversário sair da água, ele continuou lá até o fim dos 30 minutos.

Na bateria seguinte, contra Owen Wright, teve de esperar mais do que o tempo do confronto. Somente quando estava no palanque soube o resultado: um vitória apertada e polêmica. O australiano precisava de 6,71 e tirou 6,60. Sua primeira onda, nota 7,50, tinha sido similar.
Um pouco antes, Taj Burrow dava mais um show. Depois passar por Bobby Martinez, carrasco de Kelly Slater, mandou para casa Jeremy Flores, responsável pela eliminação de Joel Parkinson. Na primeira bateria do dia, tirou 9,33 e 6,93. Na segunda, 8,60 e 7,67 para mandar o pequeno príncipe francês, campeão do Pipe Masters, de volta para casa.

Para ir à final, Mineirinho venceu uma bateria fraca contra o aussie Bede Durbidge, carrasco de Raoni Monteiro na repescagem e campeão em Imbituba em 2008. Sem ondas boas, os dois fizeram um duelo apertado, mas o brasileiro levou a melhor.

Taj tinha feito uma campanha impecável no campeonato. Na decisão, assustou ao abrir a bateria com uma nota 7,00. O brasileiro, no entanto, conquistou três séries de boas manobras em sequência (6,50; 8,00 e 7,63) e tomou a liderança. O australiano, que iniciou a bateria com tranquilidade, aguardando as melhores oportunidades, passou a arriscar mais. Mas não adiantou. Caiu em três ondas seguidas.

- Quando eu escutava gritos, sabia que era porque ele tinha caído.

Sob os gritos da torcida na areia, o brasileiro, emocionado, levou as mãos ao rosto e chorou, sem acreditar: era campeão do Rio Pro.

- A cada ano que passa venho lutando cada vez mais. Na Austrália, peguei o Taj em um dia inspirado e perdi com uma somatória deele de quase 19,00. Eu sabia que se eu continuasse daquele jeito conseguiria bons resultados durante o ano.